Friday 23 January 2015

Mario Draghi voltou a cumprir o que prometeu

Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), voltou a provar esta semana que está à altura das circunstâncias e, sobretudo, da sua promessa de "fazer tudo o que for preciso" para salvar o euro.

O lançamento pelo BCE de um programa de compra de dívida dos Estados para injectar liquidez na economia europeia é totalmente justificado e Draghi tinha todas as razões, além de um mandato claro, para o fazer: a inflação na zona euro está virtualmente a zero e é mesmo negativa em vários países, o que significa que está muito longe do objectivo de 2% fixado pelo BCE.

Mesmo se era absolutamente necessário, este estímulo à economia não é todavia só por si suficiente para permitir ultrapassar a crise económica e social europeia e terá agora de ser complementado com uma política orçamental adequada.

Isto significa que o ajustamento das finanças públicas em que praticamente todos os países do euro estão empenhados terá de passar a ser bem mais inteligente do que até agora. A recente decisão da Comissão Europeia de aplicar, finalmente, as margens de flexibilidade que já estão previstas no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) - largamente impostas pelo Parlamento Europeu e, em concreto, pelos socialistas - deverá permitir a definição de um ajustamento mais sensato tanto em termos de substância como de ritmo, dando simultaneamente mais espaço para os Estados realizarem reformas estruturais inteligentes.

A conjugação da decisão do BCE com a flexibilidade do PEC e com o novo fundo de investimento de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, dá-nos alguma esperança de que a Europa consiga sair da estagnação económica e destruição sistemática de empregos em que permanece mergulhada há vários anos.

Para isso, todavia, é preciso que os Governos da União Europeia se associem a este movimento e se decidam, finalmente, a libertar os cidadãos do sofrimento de estarem a pagar, há tanto tempo, um preço exorbitante por uma situação que não criaram.

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