Intervenção na sessão plenária do Parlamento
Europeu sobre fiscalidade - 25 MAR 2015
Senhor
comissário, senhores deputados,
No
meu país - Portugal - como em muitos outros, uma pequena empresa que tenha
conseguido sobreviver à crise, para além de dificilmente conseguir crédito, tem
de pagar 23% de imposto sobre os seus lucros.
Ao
mesmo tempo, várias grandes empresas multinacionais como a Amazon, a Starbucks
ou a Ikea, conseguem alegadamente pagar taxas de pouco mais de 1% jogando com as
diferenças fiscais entre os Estados da União Europeia (UE).
Segundo
exemplo: se o meu país não conseguir receitas fiscais suficientes para cobrir
despesas essenciais na educação, saúde ou apoio à velhice, corre o risco de
pagar uma multa que pode ir até meio por cento do PIB por incumprimento das
regras de governação económica.
No
entanto, 19 das 20 maiores empresas portuguesas - das que mais poderiam
contribuir com os seus impostos para equilibrar as contas públicas - optaram por transferir a sede para a Holanda ou para o Luxemburgo para beneficiarem
das vantagens fiscais que lhes são oferecidas.
Esta
prática de dumping fiscal entre países que partilham o mesmo mercado e a mesma
moeda torna-se insuportável aos cidadãos.
A
recente proposta da Comissão Europeia torna obrigatória a troca de informações entre
os países da UE sobre práticas de optimização fiscal.
É um
passo na direcção certa - que eu reconheço e agradeço ao comissário Moscovici - mas
é ainda assim insuficiente: há uma quantidade de medidas que têm de ser tomadas
de combate aos paraísos fiscais, de harmonização da base tributável para as
empresas, de reporte país a país. O esforço que se está a exigir aos cidadãos
exige também que tenhamos determinação no avanço desses dossiers.
O
Parlamento Europeu está totalmente determinado a contribuir para essa nova
modalidade de tratamento fiscal. E esperamos sinceramente, para além do apoio
da sociedade civil e da Comissão, que tenhamos o mesmo
espírito de convergência da parte do Conselho (de Ministros da UE). Os cidadãos é isso que exigem, e
é essa resposta que nós temos hoje de dar.
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