Wednesday 25 March 2015

Novos instrumentos europeus de apoio ao investimento têm de dar prioridade ao acordo ibérico de interconexão eléctrica


Intervenção no debate na sessão plenária do Parlamento Europeu sobre as conclusões do Conselho Europeu de 19 e 20 de Março 2015 no capítulo da energia - 25/03/15

Muito obrigada senhor Presidente,

Hoje não falarei da Grécia, prefiro abordar a questão da energia esperando que o espírito europeu e o bom senso imperem na resolução do problema grego.

A energia é uma questão central para a União Europeia (UE) e ainda bem que a abordaram. Segundo os dados da Comissão Europeia, 53% dessa energia é importada - o que equivale a um gasto anual de 400 mil milhões de euros; o preço da energia na UE é 40% mais caro do que nos Estados Unidos.

Portugal assim como muitos outros países do Sul acreditaram na sinceridade da agenda alternativa, da agenda europeia que coloca as energias solar, eólica, hídrica, das marés, no centro das suas opções. Investiram fortemente para poderem adquirir vantagens competitivas nessa área.

No entanto, quando querem exportar, esses países esbarram não com uma montanha física porque essa a tecnologia ultrapassa, mas com a montanha da falta de vontade política de outros países e, sejamos claros, o peso de alguns lobbies poderosos como o lobby do nuclear.

No passado dia 4 de Março Portugal, Espanha e França assinaram um acordo - que foi hoje aqui invocado por Jean-Claude Juncker - sob os seus auspícios para a interconexão de, pelo menos, 10% das suas redes eléctricas, e para a criação das correspondentes redes físicas. O objectivo de interconexão entre Portugal e Espanha é ainda maior: 11% em 2016 e 15% em 2020.

O último Conselho Europeu reconheceu este acordo e disse que constitui "um passo bem vindo" para alcançar o objectivo 20/20 da União Europeia.

Este objectivo tem sido inúmeras vezes reafirmado pelos líderes europeus nos últimos anos, com grandes efeitos de anúncio e nenhumas consequências práticas. É por isso que espero que a Comissão Europeia e o Conselho de ministros (da UE) sejam agora tão exigentes no cumprimento deste acordo como têm sido com outros bem menos justos e bem menos importantes. E que os novos instrumentos de apoio ao investimento os assumam como prioritários para que as promessas dêem finalmente origem a acção concreta. Os europeus precisam disto. Muito obrigada.

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